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LITERATURA

  • celonguinopolis
  • 31 de mar. de 2015
  • 2 min de leitura

O Vampiro de Curitiba

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Em histórias curtas e de grande impacto, passadas numa cidade fria e decaída, Dalton Trevisan busca a realidade sem entregar-se ao realismo

Dedicando-se quase exclusivamente ao conto, Dalton Trevisan acabou consagrando-se como mestre da narrativa curta. Com inúmeros prêmios na bagagem, continua recusando a fama. Estima a reclusão e o anonimato. Enclausura-se na sua casa, não cede o número do telefone e não recebe visitas. Cerca-o tamanho ar de mistério que recebeu o apelido de O Vampiro de Curitiba, título de seu livro mais famoso.
A obra apresenta uma série de relatos em torno do protagonista Nelsinho, rapaz que vaga pela cidade em busca de sexo e de afeto. Ele segue e assedia velhinhas, matronas, viúvas de preto, normalistas e prostitutas. O jovem, assim como o vampiro, é vítima da repetição infinita de seus desejos, o que só lhe agrava o quadro de solidão: "Tem piedade, Senhor, são tantas, eu tão sozinho". Nelsinho tanto pode ser um único personagem como vários, representados pelo mesmo nome. De todo modo, por meio desse anti-herói vampiresco, ao leitor descortina-se o panorama de uma cidade decaída, onde se esconde um vampiro no fundo de cada "filho de família". Na forma, um estilo ferino e cortante:
"Ai, me dá vontade até de morrer. Veja só a boquinha dela como está pedindo beijo-beijo de virgem é mordida de taturana. Você grita vinte e quatro horas e desmaia feliz. É das que molham os lábios com a ponta da língua para ficar mais excitante (...). Se eu fosse me chegando perto, como quem não quer nada-ah, querida, é apenas uma folha seca ao vento-e me encostasse bem devagar na safadinha..." Nascido em Curitiba em 1925, Dalton Jérson Trevisan estudou direito, profissão que logo abandonou. Trabalhando depois na fábrica da família, foi vítima de um acidente grave, que o levou ao hospital por um mês. O episódio marcou-lhe a vida: ainda sob o efeito do medo de morrer, escreveu sua primeira novela. Em 1946, fundou a revista literária Joaquim. Além de apresentar traduções de Proust, Joyce, Kafka e Gide, a publicação reunia ensaios assinados por Antonio Candido, Mário de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como O Caso do Vestido, de Carlos Drummond de Andrade. Em 1959, a editora José Olympio publica suas Novelas Nada Exemplares, compilando uma produção de duas décadas com a qual conquistou público e crítica. Várias outras coletâneas se seguiram: Cemitério de Elefantes (1964) e O Vampiro de Curitiba (1965). Com o passar do tempo, as histórias de Trevisan se tornam cada vez mais curtas; sua linguagem, mais breve e concisa. Nesse estilo cada vez mais condensado, muitos de seus personagens são chamados simplesmente de João e Maria: são ao mesmo tempo qualquer pessoa e cada um de nós. No entender do tradutor Gregory Rabassa, "Trevisan segue o caminho de Machado de Assis, que considera o escritor um clássico da língua portuguesa e que, em nome da realidade, detestava o realismo, essa convenção cinzenta que aprendemos a confundir com o real". Entre seus outros escritos acham-se Guerra Conjugal (1969), A Polaquinha (1985) e Pico na Veia (2002).

 
 
 

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